TEATRO DE BONECOS DA TURMA DO DIONÍSIO
Em 1993 A Turma do Dionísio estréia sua primeira montagem de Teatro de Bonecos. Quatro histórias clássicas do teatro de bonecos latino-americano: O Mágico e o Palhaço, O Padeiro e o Diabo, O Invento Maravilhoso e O Enganador Enganado. Começava um árduo trabalho para conciliar o teatro de atores e o teatro de bonecos. Autores: Cândido Moneo Sanz, Javier Villafane, A . César Lopes Ocón e Leônidas Barletta Direção: Mário de Ballentti. Cenário, Figurinos e Bonecos: Mário de Ballentti. Programação Visual: Augusto Bier. Projeto Pedagógico: Maristela Marasca Atores/Manipuladores: Jerson Fontana, Maristela Marasca e Silvestre Grzibowski (Leandro Maia/Paulo Menezes)
Aspectos Históricos:
Início da tarde de 05 de dezembro de 1995. Um pouco apavorados e com muita expectativa, o Grupo via seus bonecos serem revistados. Alguém cochichou: “o furador de balão não vai passar”. Era apenas uma vareta com um alfinete na ponta, mas poderia ser considerado um objeto perigoso. Conseguimos entrar e a montagem do equipamento foi feita. Estávamos no Presídio Regional de Santo Ângelo, a convite da Pastoral Carcerária. Alguém pensou: “será que homens privados de sua liberdade se interessariam por uma história com bonecos? E se eles não gostassem?” Melhor não pensar mais nessas coisas e continuar a montagem.
Durante a apresentação, pelos pequenos furos da empanada, espiávamos e víamos alguns olhos brilhantes. Seguiam tudo tão atentamente que pareciam, por instantes, esquecer de sua condição e viajavam pelo mundo da arte. Depois vieram os cumprimentos e a certeza de que alguma coisa muito diferente do habitual havia acontecido naquela tarde para todos: para o público e para o grupo de artistas. Uma experiência emocionante e reveladora da arte e da condição humana.
No artigo Mambembe e Bonecos (Jornal A Tribuna – 15 e 16 de maio de 1993), o professor Jorge Fensterseifer chama a atenção para a forma como o público relaciona-se com os bonecos: “Interessante a mescla de emoções que os bonecos despertam nas crianças: ora a cumplicidade com o mágico e o palhaço contra o vizinho chato, ora o medo do diabo e seus rabos coloridos, ora o maravilhamento ante aquela maquinazinha pega-na-mentira muito da saidinha. Sem dúvida, mais um belo trabalho de Jerson, Maristela e Silvestre, além de todo o pessoal que pôs a caixa mágica a funcionar.”
Em diversas ocasiões pudemos verificar o fascínio e a inquietação que os bonecos provocam nas pessoas, especialmente em cidades do interior, onde circulam poucos espetáculos de teatro e ainda menos, espetáculos de bonecos. Era natural que, muitas vezes, após a apresentação, crianças e adultos viessem perguntar onde estava o botão que utilizávamos para ligar ou dar corda e fazer o boneco andar e falar sozinho. Aproveitávamos as conversas após as apresentações para falar sobre as técnicas de confecção e demonstrar as técnicas de manipulação. E se engana quem acha que isso diminuía a magia dos bonecos. Nem um pouco! O encantamento destes “seres” resiste inabalável aos olhos do público e, sobretudo, aos olhos cuidadosos dos atores.